Sala de História da Magia

N as primeiras horas do dia Annelise já se encontrava na antiga sala de história, as pernas cruzadas sobre a mesa empoeirada, enquanto encarava suas anotações. Folheou-o e fez novas notas antes de levantar para acender velas pelas estantes. Organizou as cadeiras em círculo e sorriu satisfeita. Movimentou sua varinha e um símbolo surgia acompanhando o círculo seguindo para o centro, onde a professora se encontrava.
O primeiro aluno adentrou a sala recepcionado por um sorriso simpático, enquanto suas mãos ainda desenhavam o encantamento, que cintilou em uma luz azul por alguns segundos quando todas as linhas se encontraram. —Bom dia— Encarou os novos rostos que preenchiam aquele lugar, exibia um sorriso simples, analisando-os por breves instantes. Uma turma interessante: sua sobrinha Amarilys deveria estar contente por estar na grifinória; Os novos sonserinos pareciam ingênuos, mas tão cheios de si. Quando o ultimo aluno passou pela porta, ela se fechou atrás dele. Annelise sorriu satisfeita pelos poucos minutos de atraso, levou a varinha em uma linha que apontava para as janelas, um baque surdo e estavam fechadas, logo depois as cortinas deixaram a iluminação a cargo das velas. —Vamos começar.— Fez um gesto de rotação com a varinha, uma grande ventania adentrou o cômodo apagando as velas, a madeira velha das estantes rangeu, mas sequer o cabelo dos alunos ou da professora foi afetado. A escuridão aos poucos tomou forma de uma caverna, iluminada o suficiente para revelar as marcas de mãos em suas paredes.
Virou-se para seus alunos com um sorriso suspeito no rosto. Todos os alunos para quem Annelise teve oportunidade de lecionar deixaram ali uma marca eterna e assim aconteceria novamente nesse novo ano letivo. —Gostaria que cada aluno fizesse uma breve apresentação. — Uma bandeja com várias tigelas surge flutuando no centro da sala. —Depois deixasse sua marca na parede, vamos começar por você? —Sorriu para o aluno mais próximo.
Já eram desconhecidos, todos tinham as mãos sujas de tinta. —Agora que todos já se conhecem... Meu nome é Annelise Cunninghan, leciono História da Magia a pelo menos 5 anos. — Parou contemplativa buscando na memória quantos realmente teriam sido, dando de ombros lançou um olhar serio para os sonserinos. —Também sou diretora da Sonserina. — Piscou brincalhona e posicionou sua mão em um desenho que já se encontrava ali, a marca brilhou e então o cenário pôs em movimento revelando agora magnificas pinturas rupestres. —A Magia sempre esteve presente, sua essência é muito singela. — Caminhou em direção aos desenhos, tocando-os suavemente. —Acredita-se que na pré-história os homens realizavam rituais em cavernas como esta. Eles pediam por caças bem-sucedidas e desenhavam seu sucesso como se ao registrá-lo atrairiam tal dadiva. — Voltou-se para os alunos, a expressão serena. —Desejo, canalização e preço... Esses mesmos ingredientes se repetem por toda história quando se tratando de magia. — A professora voltou ao centro do circulo e a cada passo a cavernar tornava-se turva, quando deram por si estavam rodeados por majestosas pedras, um lugar conhecido como Stonehenge. —Os Celtas... Neste ponto da história conforme a evolução do ser humano se dava também a magia evoluía e ganhava leis, rituais, grupos e feitiços mais organizados. É preciso ter em mente que eles eram extremamente ligados as forças da Natureza e também animistas, ou seja, acreditavam que entidades não humanas tivessem uma essência espiritual, portanto vida e pensamentos próprios. — Atrás de Annelise dois vultos aproximavam-se lentamente até revelar o rosto elegante de uma mulher com longos cabelos negros e lábios rubros, assim como o olhar profundo e cansado de um homem alto com uma longa barba branca. —Esta é Morgana Le Fray e este é Merlin. Apesar de Morgana ter conhecido e aprendido magia através de Merlin, tem uma forma de utiliza-la completamente diferente. — Duas cadeiras giratórias surgem ao centro e o casal senta-se observando os alunos. —Eles estão dispostos a responder suas perguntas, quero que descubram, diferenciem e caracterizem a Bruxaria. — Fez um gesto indicando a mulher. — E Magia Arcana. — Indicou o homem.
Uma entrevista interessante, fez anotações sobre as perguntas e respostas obtidas e quando o assunto pareceu completo o casal agradeceu com uma reverencia. O cenário desaparecia conforme eles se afastavam, a grama verde foi revestida por fino mármore e as grandes pedras foram substituídas por robustas colunas, a quietude daquele campo vazio também ficou para trás pois agora estavam rodeados de homens vestidos com túnicas, exclamavam e discutiam, alguns sentados em meia luas ouvindo atentamente as palavras de outrem. —Grécia.— Disse em tom calmo, informando os alunos que deslumbravam a arquitetura do lugar. —Aqui originou-se a palavra Magia, assim como muitas criaturas e seres mágicos. Sereianos... Centauros, Manticoras, Hipocampos... — Um homem surgiu cercado por muitos outros que o bombardeavam com perguntas, a pequena multidão passou entre o círculo, virando vultos assim que pisaram sobre o símbolo, somente voltando ao normal ao fim do percurso. —Esse era Pitágoras, um mago muito importante de sua época, há registros de que ele esteve em dois lugares ao mesmo tempo. —Ergueu uma sobrancelha ao dizer aquilo. —Apesar de seus grandes feitos e de todo avanço que os gregos trouxeram para o mundo bruxo, quando se tratando de adivinhação, clarividência, curandeirismo e ao estudo de poções. Nós viemos conversar com este homem. — Ergueu os braços na direção de um senhor, que carregava uma bolsa com vários pedaços de madeira saindo pelas bordas. Seus trajes certamente não condiziam com os dos demais, nem gregos, nem da época atual. Acolheu-o em um abraço breve e sorriu. —Que prazer enorme, recebe-lo novamente. — Sua voz era baixa, direcionada apenas a ele, seu velho amigo e mestre. —Você demorou para aparecer Cunninghan, o que temos esse ano? — O homem criou sua própria cadeira e tomou lugar, rindo de seus novos aprendizes. —A maior criação grega sobre tudo são as varinhas, canalizadores mágicos poderosíssimos que permitiram a criação de feitiços elaborados, alavancando o mundo bruxo e a magia para outro patamar. — Pousou a mão carinhosamente sobre o ombro de seu convidado. —Este é o Garrick Olivaras, o melhor fabricante de varinhas que já conheci. Podem começar suas perguntas, ele está aqui para falar sobre como os matérias influenciam a qualidade de uma varinha.— Annelise afastou-se, tomando uma cadeira para si, anotando as perguntas e respostas, curiosamente todo ano a conversa tinha o mesmo fiar discutido de maneiras diferentes.
O tempo não parou para aquelas entrevistas e ainda havia muito a ver, portanto interrompeu a conversa tocando o ombro de Olivaras novamente. —Infelizmente precisamos continuar nosso percurso, agradeçam ao Sr. Olivaras.— Os alunos cumprimentaram-no enquanto ele se levantou tendo recolhido todo seu material e seguiu para fora do círculo. A arquitetura desfez-se em areia que envolveu os alunos como em uma tempestade, que ao chegar ao fim revelou as pirâmides do Egito. —Os egípcios eram muito ligados ao espirito animal que cada homem carrega em si, cultuavam vários deuses que eram representados por híbridos entre homem e animal.— Apontou para as imensas estatuarias de vários deuses que sugiram e se foram com uma breve ventania. Entre elas estava representado Rá, Anúbis, Hórus, Isis... entre outros. —Sua crença na vida após a morte levou-lhes a construir essas pirâmides, recheadas de tesouros e maldições, que por muito tempo deram trabalho aos duendes de Gringotes.— Envolto em uma nuvem de areia surgiu ao centro um homem gordo, trajando vestes douradas e maquiagem pesada. —Este é um sacerdote que irá contar sobre os avanços que os egípcios deixaram de legado ao nosso mundo. Podem começar a entrevista. — Sentou-se novamente enquanto os alunos recomeçavam as perguntas. Não demorou para que o sacerdote se dissolvesse na mesma nuvem que o trouxe, a tempestade iniciou novamente, cobrindo a visão que os alunos tinham do Egito.
Quando deram por si estavam no salão principal com os quatro fundadores de Hogwarts alinhados na mesa dos professores. —Os avanços em magia, cultura e tecnologia nos trouxeram aqui. A magia tem mais credores e, portanto, mais bruxos e bruxas são encontrados no mundo. — Sorriu para os alunos brevemente. —Estudar magia já não é uma oportunidade, como foi para Morgana; Ou um experimento como era para os gregos; Muito menos um privilégio como no Egito. Mas uma necessidade. — Fez uma pausa enquanto os fundadores se levantavam. —Esses quatro bruxos poderosos uniram-se para dar a cada um de vocês mais que uma escola... Um lar. — Godric entoou em alta voz. — Para os que são corajosos. — Seguido então por Rowena. — Os sagazes. — Salazar então com sua voz rouca e firme. —Astutos. — Por fim Helga com um sorriso caloroso no rosto. —Justos e generosos. — Annelise indicou com um gesto que os alunos se aproximassem. —Sintam-se à vontade para conversar com os fundadores, temos algum tempo restante. — Este momento final costumava ser divertido e relaxante, sentou-se apreciando a conversa, embora por vezes pegava-se encarando a personificação de Salazar com certa frieza.
Quando o relógio cuco bateu tudo desapareceu em fumaça e estavam todos de volta a velha sala de história, ainda iluminada pelas velas. Os alunos preparavam-se para deixar a sala quando a professora anunciou a entrega da tradicional redação. —Quero que me entreguem uma redação pautando sobre a evolução da magia desde os primórdios até os dias atuais. Vocês todo o ano letivo para realiza-la, podem tirar dúvidas e me consultar depois. — Ela moveu a varinha e as cortinas se abriram, logo em seguida as janelas e a porta, enquanto que as velas se apagaram. —Foi prazer imenso conhecer e viajar com vocês. — Pegou seus pertences e foi a primeira a deixar a sala.

Referências Bibliográficas:

Instruções e avaliação.:

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